segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Desabafando em 3...2...1

Eu estou com câncer, mas não me sinto com câncer!
Quer dizer não me sinto da maneira como a mídia me mostrou, e acredito que muita gente se sente assim como eu.
Não quero diminuir o peso da situação, câncer é uma doença séria que deve ser tratada como tal, mas vejo, e tive o prazer imenso de conhecer várias histórias de mulheres mega guerreiras que apesar de enfrentarem essa guerra, estão ai distribuindo simpatia, energia, garra e vontade lutar, que trazem um lindo sorriso no rosto todos os dias.
Mulheres que malham, trabalham, estudam, cuidam da casa, do filho, do marido, de tudo junto, mulheres que não tem vergonha nenhuma de exibir a careca, mulheres que se tem um astral tão incrível que contagia que está a sua volta.
O que eu quero dizer com tudo isso?
Alguém me perguntou porque eu fico me expondo tanto assim, como se o que eu estou fazendo incomodasse de certa forma. Então não que eu devesse essa resposta,mas acho justo que saiba meus motivos:
Eu tenho 32 anos, tive dois filhos antes dos 30, amamentei por mais de um ano, não tenho nenhum caso de câncer de mama ou ovário na minha família (não que eu saiba), em resumo: nenhuma predisposição ao câncer, sem necessidade de exames preventivos periódicos, só auto exame, e mesmo assim sem nunca ter detectado nenhuma anormalidade. E nada disso me impediu de ter câncer e fazer parte da estatística do câncer de mama em mulheres jovens
Mas antes de ser um número entre milhões que essa doença atinge, eu sou mulher de um homem que eu amo, mãe de dois filhos lindos e especiais, sou uma mulher que gosta de me divertir, que ama festa, que vai na academia, que cresceu acreditando na independência feminina, sou filha, irmã, tia, madrinha, madrasta, nora. Estou com câncer e dai? 
E dai que ele mudou minha vida, mas não minha essência, eu continuo sendo a mesma, fazendo as mesmas coisas, gostando das mesmas coisas, continuo tendo uma vida "normal". 
Não espere me ver triste e chorando pelos cantos por estar na posição de guerreira nessa luta, eu me sinto feliz por poder ter oportunidade de fazer o tratamento, me sinto feliz por ter pessoas especiais do meu lado.
O que eu quero com tudo isso?
Acabar com esse preconceito idiota de que alguém que foi diagnosticado com câncer é uma pessoa pálida, triste, que vai ficar em cima de uma cama reclamando da sua má sorte. Pelo contrário eu me levanto todos os dias agradecendo por tudo, todos os dias eu me fortaleço física e mentalmente, o câncer me ensinou a viver de uma maneira diferente e a ser feliz com pouca coisa. Se eu estiver em casa vendo TV com meus filhos  está tudo ótimo. Não preciso estar em Paris fazendo compras. Aprendi a desfrutar cada momento, principalmente o agora.
E essa minha "exposição toda", é só com intenção de tirar toda essa imagem que a mídia nos vende todos os dias, existem casos e casos, e cada dia mais pessoas são vencedoras nessa batalha, graças a Deus e aos grandes avanços da medicina.
Ahhh... e aliás eu não tenho câncer porque ele não é meu! Eu estou com câncer...mas provisoriamente  ok?





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